quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Le demoiselles d’Avignon

(Pedra angular do Cubismo)
            A arte, desde o século XV, adotou uma técnica chamada perspectiva, para dar profundidade ao desenho. O objetivo era fazer com que a obra se assemelhasse à visão tridimensional do homem. Logo, os objetos em primeiro plano eram maiores, e o tamanho dos elementos diminuía gradativamente, em relação à sua proximidade com a tela. O Cubismo recebe uma influência inicial de Cézanne, pintor que iniciou o estudo das formas geométricas encontradas nas paisagens retratadas. Além desse cuidado, o artista foi responsável pela criação de um ponto de vista múltiplo. As imagens aparecem sob óticas distintas, semelhantes ao modo como o homem enxerga. O expectador vê todas as imagens separadas, mas consegue uni-las em um processo final.
            Em 1904, uma exposição desse artista causou um tremendo choque. Representava uma nova visão de mundo em relação à arte. Houve a procura por elementos artísticos rudimentais, básicos. Houve uma oposição drástica dos cubistas (como seriam chamados mais tarde) quanto aos padrões europeus vigentes. O rebuscamento e o padrão estético de linhas bem traçadas e perspectiva perfeita foram substituídas pelo uso de figuras geométricas e planificadas, com muita simplicidade.
            Van Gogh e Paul Gauguin são pintores desse período. Porém, o expoente e criador real do Cubismo é Pablo Picasso. Sua obra pré-cubista subdivide-se em fase azul e fase rosa. Na primeira, trata de temas associados à pobreza e a sentimentos tristes. Na fase rosa, há a utilização de figuras redondas e esculturais, mas ainda há uma melancolia em seus pierrôs e colombinas.  
            1907 foi o ano marcante para toda a arte do século XX. Picasso apresenta sua obra Les demoiselles d’Avignon, que chocou a sociedade no período. A tela representa uma cena de bordel, com cinco mulheres nuas (prostitutas). As suas formas corporais são bem demarcadas, apontando para os ângulos formados por braços e cotovelos. A mulher mais à direita possui uma postura egípcia, enquanto as duas da parte direita apresentam máscaras africanas ao invés de rostos. Isso evidencia o gosto de Picasso pelo primitivismo, pelas expressões artísticas da pré-história e de tribos africanas milenares. Os pintores da época promoveram uma revisão na maneira de se ver a arte primitiva, evidenciando a força da simplicidade dos objetos considerados.
            As duas mulheres do centro apresentam traços europeus e sua constituição lembra as mulheres da península ibérica. Seus olhos são enormes e fundos e parecem encarar o expectador. Há a representação da parte da frente e de trás dos corpos das mulheres, algo fisicamente impossível.. É interessante destacar como Picasso ocupa todo o quadro com as mulheres. A ausência de espaços na frente ou atrás delas faz com que se aproximem da tela, inevitavelmente. O observador é forçado a vê-las muito próximas. O uso do azul poderia representar um fundo. Mas Picasso faz contornos de branco o que joga a cor para o primeiro plano. Sua obras também influenciarão Braque, outro pintor cubista. Porém, este é mais sensível, diferente de Picasso, agressivo. Ambos pintam naturezas mortas com uma intensa superposição de figuras geométricas e planas, iniciando o chamado Cubismo Analítico.
 

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